





CARTA À COMUNIDADE UFBA
CARTA À COMUNIDADE UFBA
Colegas estudantes, técnicos administrativos e docentes,
Amigos e amigas da UFBA,
Quando se iniciar o processo eleitoral da Universidade Federal da Bahia, inscreverei meu nome como candidato a reitor. Foi demorado e nada solitário o processo de deliberação: conversas, estímulos, dúvidas, apelos, hesitações. Muitas as vozes, diversas as ponderações, até que esta decisão se impusesse, tendo em sua origem uma mobilização coletiva. Ao fim e ao cabo, a razão central da decisão é simples: foi imperativo nosso dever para com a UFBA, que é nosso maior valor.
Retomo, pessoalmente, meu compromisso com um legado como gestor em um período de oito anos, no qual prevaleceu uma atitude de debate, crítica e escuta. Tenho a firme convicção de que soubemos contribuir para a unidade necessária da instituição, inclusive nos momentos mais difíceis, quando nossa balbúrdia coletiva precisou fazer frente à ameaça da barbárie.
Coletivamente, já somos muitos e somos plurais. Estamos juntos e misturados nessa decisão, da qual damos notícia, apresentando princípios em torno dos quais devemos nos guiar e em função dos quais poderemos construir coletivamente uma plataforma para o futuro da UFBA — a plataforma de uma universidade livre e autêntica, capaz de enfrentar problemas crônicos ou crises vindouras.
Colegas estudantes, técnicos administrativos e docentes,
Amigos e amigas da UFBA,
Quando se iniciar o processo eleitoral da Universidade Federal da Bahia, inscreverei meu nome como candidato a reitor. Foi demorado e nada solitário o processo de deliberação: conversas, estímulos, dúvidas, apelos, hesitações. Muitas as vozes, diversas as ponderações, até que esta decisão se impusesse, tendo em sua origem uma mobilização coletiva. Ao fim e ao cabo, a razão central da decisão é simples: foi imperativo nosso dever para com a UFBA, que é nosso maior valor.
Retomo, pessoalmente, meu compromisso com um legado como gestor em um período de oito anos, no qual prevaleceu uma atitude de debate, crítica e escuta. Tenho a firme convicção de que soubemos contribuir para a unidade necessária da instituição, inclusive nos momentos mais difíceis, quando nossa balbúrdia coletiva precisou fazer frente à ameaça da barbárie.
Coletivamente, já somos muitos e somos plurais. Estamos juntos e misturados nessa decisão, da qual damos notícia, apresentando princípios em torno dos quais devemos nos guiar e em função dos quais poderemos construir coletivamente uma plataforma para o futuro da UFBA — a plataforma de uma universidade livre e autêntica, capaz de enfrentar problemas crônicos ou crises vindouras.
Esta notícia é, portanto, um convite à construção coletiva da plataforma para a apresentação de uma chapa, no momento apropriado. Nossa candidatura agregará, decerto, visões e histórias distintas, inserções variadas em nossa instituição, mas estaremos unidos, em campanha e na gestão, na defesa de uma universidade autônoma e democrática — princípios que foram essenciais à resistência ao obscurantismo e devem balizar as ações concretas da gestão universitária em qualquer tempo.
Gestão, democracia e natureza da universidade não se separam. Assim, lembraremos sempre que devemos expandir em vagas e em espaços, sem jamais deixarmos de acolher e cuidar; que as universidades públicas devem sempre primar pela qualidade, ao tempo que se fazem da matéria e do talento de nosso povo; que devemos proteger o patrimônio, garantindo e priorizando sua manutenção, pois nossos princípios exigem inclusive que decidamos em conjunto quais obras terão prioridade, sem descurarmos da garantia de boas condições de funcionamento dos muitos prédios já existentes.
A democracia não é uma figura de retórica. Como valor e como prática, ela é necessária à instituição inclusive na deliberação acerca de seu orçamento, pois a gestão propriamente universitária não é mera técnica gerencial, uma vez que associa internamente as atividades de gestão às atividades finalísticas e, portanto, depende da participação ativa de nossas instâncias e da mobilização permanente de nossas categorias. Por isso, não podemos ignorar o significado profundo da luta por condições dignas de trabalho para servidores docentes, servidores técnico-administrativos e funcionários terceirizados.
Temos, também, um importante compromisso com a modernização de sistemas, processos e estrutura organizacional da instituição. A estrutura administrativa deve, afinal, beneficiar-se de todos os recursos tecnológicos, mas estes não suprimem a reflexão, não se impõem como se sua lógica fosse superior à nossa deliberação coletiva. Por óbvio, sistemas não substituem nossos regimentos, que, ao contrário, devem orientar cada passo de reforço e qualificação da organização universitária e de nossa vida em comum. Afinal, os avanços trazidos pela tecnologia em nada precisam nos condenar à irrelevância; a tecnologia deve vir ao encontro da vida democrática, sem sufocar opiniões ou as homogeneizar, sendo antes um instrumento que potencializa nossas estratégias de gestão, aprendizado, ensino, pesquisa e extensão.
Esta notícia é, portanto, um convite à construção coletiva da plataforma para a apresentação de uma chapa, no momento apropriado. Nossa candidatura agregará, decerto, visões e histórias distintas, inserções variadas em nossa instituição, mas estaremos unidos, em campanha e na gestão, na defesa de uma universidade autônoma e democrática — princípios que foram essenciais à resistência ao obscurantismo e devem balizar as ações concretas da gestão universitária em qualquer tempo.
Gestão, democracia e natureza da universidade não se separam. Assim, lembraremos sempre que devemos expandir em vagas e em espaços, sem jamais deixarmos de acolher e cuidar; que as universidades públicas devem sempre primar pela qualidade, ao tempo que se fazem da matéria e do talento de nosso povo; que devemos proteger o patrimônio, garantindo e priorizando sua manutenção, pois nossos princípios exigem inclusive que decidamos em conjunto quais obras terão prioridade, sem descurarmos da garantia de boas condições de funcionamento dos muitos prédios já existentes.
A democracia não é uma figura de retórica. Como valor e como prática, ela é necessária à instituição inclusive na deliberação acerca de seu orçamento, pois a gestão propriamente universitária não é mera técnica gerencial, uma vez que associa internamente as atividades de gestão às atividades finalísticas e, portanto, depende da participação ativa de nossas instâncias e da mobilização permanente de nossas categorias. Por isso, não podemos ignorar o significado profundo da luta por condições dignas de trabalho para servidores docentes, servidores técnico-administrativos e funcionários terceirizados.
Temos, também, um importante compromisso com a modernização de sistemas, processos e estrutura organizacional da instituição. A estrutura administrativa deve, afinal, beneficiar-se de todos os recursos tecnológicos, mas estes não suprimem a reflexão, não se impõem como se sua lógica fosse superior à nossa deliberação coletiva. Por óbvio, sistemas não substituem nossos regimentos, que, ao contrário, devem orientar cada passo de reforço e qualificação da organização universitária e de nossa vida em comum. Afinal, os avanços trazidos pela tecnologia em nada precisam nos condenar à irrelevância; a tecnologia deve vir ao encontro da vida democrática, sem sufocar opiniões ou as homogeneizar, sendo antes um instrumento que potencializa nossas estratégias de gestão, aprendizado, ensino, pesquisa e extensão.


A significativa ampliação da rede de universidades, um dos maiores feitos dos governos Lula, reforçou a associação do sistema brasileiro das instituições federais de ensino superior a um projeto inteiro de nação, uma vez que essa rede se distribui agora mais e melhor por todo o país e deve expressar em todo canto a força de um ensino associado à pesquisa e extensão. Nesse mesmo gesto de expansão, que deve continuar, devemos poder acolher, garantindo inclusão, condições de estudo e permanência e, mais ainda, um autêntico pertencimento, de sorte que o compromisso com a expansão é necessariamente correlato ao aprofundamento das ações afirmativas.
Da mesma forma, devemos ter um especial compromisso com o inteiro sistema nacional de instituições federais de ensino superior autônomas, ou seja, as instituições desse sistema devem colaborar em uma luta comum e pública, e não se dividirem na competição por recursos extraorçamentários, sendo essencial a defesa conjunta do financiamento público da educação superior, com a bandeira urgente de que a educação superior deve ser uma prioridade nacional.
Ao lado desse compromisso específico com o sistema representado pela ANDIFES, cabe dialogar com toda a rede da educação básica, por meio de ações as mais diversas, bem como com as outras universidades do Estado da Bahia, com as quais devemos aprofundar nossa colaboração acadêmica. Nossa colaboração pode e deve ser bem mais rica do que qualquer competição.
A UFBA merece sempre mais. Em novos tempos, ela nos exige ainda mais ousadia, uma sintonia com novos temas e uma resposta bem elaborada a novos desafios. A UFBA nos conclama, assim, como um centro no qual nossa energia se multiplica e do qual se expande em ciência, cultura e arte, brotando desse lugar a possibilidade de uma resposta à altura de sua história e de seu atual horizonte. É desse lugar poderoso, como um gesto inovador da sociedade, que nossa UFBA pode exercer sua maturidade, esboçando as melhores respostas e reafirmando seu valor essencial. Considerando nossa excelência nas ciências e nas artes, a administração central tem, então, um papel relevante no apoio às nossas pesquisas e à nossa pós-graduação, apoio que deve se dirigir tanto ao conhecimento básico (missão precípua das instituições universitárias), quanto à interação entre a pesquisa na universidade e setores da sociedade, incluindo setores estatais, empresariais e setores sociais não governamentais.
A significativa ampliação da rede de universidades, um dos maiores feitos dos governos Lula, reforçou a associação do sistema brasileiro das instituições federais de ensino superior a um projeto inteiro de nação, uma vez que essa rede se distribui agora mais e melhor por todo o país e deve expressar em todo canto a força de um ensino associado à pesquisa e extensão. Nesse mesmo gesto de expansão, que deve continuar, devemos poder acolher, garantindo inclusão, condições de estudo e permanência e, mais ainda, um autêntico pertencimento, de sorte que o compromisso com a expansão é necessariamente correlato ao aprofundamento das ações afirmativas.
Da mesma forma, devemos ter um especial compromisso com o inteiro sistema nacional de instituições federais de ensino superior autônomas, ou seja, as instituições desse sistema devem colaborar em uma luta comum e pública, e não se dividirem na competição por recursos extraorçamentários, sendo essencial a defesa conjunta do financiamento público da educação superior, com a bandeira urgente de que a educação superior deve ser uma prioridade nacional.
Ao lado desse compromisso específico com o sistema representado pela ANDIFES, cabe dialogar com toda a rede da educação básica, por meio de ações as mais diversas, bem como com as outras universidades do Estado da Bahia, com as quais devemos aprofundar nossa colaboração acadêmica. Nossa colaboração pode e deve ser bem mais rica do que qualquer competição.
A UFBA merece sempre mais. Em novos tempos, ela nos exige ainda mais ousadia, uma sintonia com novos temas e uma resposta bem elaborada a novos desafios. A UFBA nos conclama, assim, como um centro no qual nossa energia se multiplica e do qual se expande em ciência, cultura e arte, brotando desse lugar a possibilidade de uma resposta à altura de sua história e de seu atual horizonte. É desse lugar poderoso, como um gesto inovador da sociedade, que nossa UFBA pode exercer sua maturidade, esboçando as melhores respostas e reafirmando seu valor essencial. Considerando nossa excelência nas ciências e nas artes, a administração central tem, então, um papel relevante no apoio às nossas pesquisas e à nossa pós-graduação, apoio que deve se dirigir tanto ao conhecimento básico (missão precípua das instituições universitárias), quanto à interação entre a pesquisa na universidade e setores da sociedade, incluindo setores estatais, empresariais e setores sociais não governamentais.


Em suma, a universidade é um projeto de Estado, que dialoga com todo o cenário da socieda de, sem perder jamais a altivez ou subordinar seus projetos a interesses eventuais de partidos, governos ou do mercado. Trata-se, pois, de um projeto de Estado, mas não de um Estado inespecífico. A UFBA é projeto de um Estado Democrático; por isso mesmo, de pés descalços e rica em diversidade e história, ela faz ciência e dança.
No exercício mais elevado de sua autonomia, a universidade tem um papel insubstituível como uma experiência intersubjetiva única, na qual se confrontam gerações e saberes, sendo possível, no mais aprofundado exercício democrático, produzir consensos e qualificar dissensos. É dessa forma que a universidade justifica perante a sociedade seu próprio direito à existência, comprovando na prática sua relevância e sendo a melhor ponte entre a atividade científica e o interesse vivo da democracia, entre a formação sofisticada e o exercício da cidadania.
Na universidade, nem tudo vale a pena, porque sua alma nunca se apequena. Como projeto de longa duração, ela não se rende à eficácia imediata ditada por um mero pragmatismo. Porque autônoma, ela não é uma mera repartição pública. Tampouco é uma empresa, que se mediria tão somente por resultados ou lucros.
Nosso horizonte é bem mais largo e luminoso. Afinal, somos isso especialmente: uma aposta da sociedade no conhecimento e não na ignorância, na igualdade e não na exclusão. Por isso mesmo, devemos atravessar instabilidades e crises, não a reboque das circunstâncias adversas que enfrentamos dia a dia, mas sim mantendo nossos valores e princípios.
Aceitei, portanto, me tornar candidato. Aceitei construir uma proposta ao lado de colegas que comungam valores e sentimentos. Somos a UFBA que enfrentou o Future-se e deve enfrentar falsas promessas de progresso. Somos a UFBA que sempre resistirá a todas as formas de obs curantismo. Somos UFBA, sim, autônoma e livre, radical e criativa, excelente e inclusiva, que há de combater os setores retrógrados que tentam sufocar nossa força e nossas utopias.
Estejamos nessa jornada, reafirmando valores e construindo coletivamente a plataforma atual de uma universidade pública, gratuita, inclusiva e de qualidade.
Viva a Universidade Federal da Bahia!
João Carlos Salles
Em suma, a universidade é um projeto de Estado, que dialoga com todo o cenário da socieda de, sem perder jamais a altivez ou subordinar seus projetos a interesses eventuais de partidos, governos ou do mercado.
Trata-se, pois, de um projeto de Estado, mas não de um Estado inespecífico. A UFBA é projeto de um Estado Democrático; por isso mesmo, de pés descalços e rica em diversidade e história, ela faz ciência e dança.
No exercício mais elevado de sua autonomia, a universidade tem um papel insubstituível como uma experiência intersubjetiva única, na qual se confrontam gerações e saberes, sendo possí vel, no mais aprofundado exercício democrático, produzir consensos e qualificar dissensos.
É dessa forma que a universidade justifica perante a sociedade seu próprio direito à existência, comprovando na prática sua relevância e sendo a melhor ponte entre a atividade científica e o interesse vivo da democracia, entre a formação sofisticada e o exercício da cidadania.
Na universidade, nem tudo vale a pena, porque sua alma nunca se apequena. Como projeto de longa duração, ela não se rende à eficácia imediata ditada por um mero pragmatismo. Porque autônoma, ela não é uma mera repartição pública. Tampouco é uma empresa, que se mediria tão somente por resultados ou lucros.
Nosso horizonte é bem mais largo e luminoso. Afinal, somos isso especialmente: uma aposta da sociedade no conhecimento e não na ignorância, na igualdade e não na exclusão. Por isso mesmo, devemos atravessar instabilidades e crises, não a reboque das circunstâncias adversas que enfrentamos dia a dia, mas sim mantendo nossos valores e princípios.
Aceitei, portanto, me tornar candidato. Aceitei construir uma proposta ao lado de colegas que comungam valores e sentimentos. Somos a UFBA que enfrentou o Future-se e deve enfrentar falsas promessas de progresso. Somos a UFBA que sempre resistirá a todas as formas de obs curantismo. Somos UFBA, sim, autônoma e livre, radical e criativa, excelente e inclusiva, que há de combater os setores retrógrados que tentam sufocar nossa força e nossas utopias.
Estejamos nessa jornada, reafirmando valores e construindo coletivamente a plataforma atual de uma universidade pública, gratuita, inclusiva e de qualidade.
Viva a Universidade Federal da Bahia!
João Carlos Salles






CARTA À COMUNIDADE UFBA
Colegas estudantes, técnicos administrativos e docentes,
Amigos e amigas da UFBA,
Quando se iniciar o processo eleitoral da Universidade Federal da Bahia, inscreverei meu nome como candidato a reitor. Foi demorado e nada solitário o processo de deliberação: conversas, estímulos, dúvidas, apelos, hesitações. Muitas as vozes, diversas as ponderações, até que esta decisão se impusesse, tendo em sua origem uma mobilização coletiva. Ao fim e ao cabo, a razão central da decisão é simples: foi imperativo nosso dever para com a UFBA, que é nosso maior valor.
Retomo, pessoalmente, meu compromisso com um legado como gestor em um período de oito anos, no qual prevaleceu uma atitude de debate, crítica e escuta. Tenho a firme convicção de que soubemos contribuir para a unidade necessária da instituição, inclusive nos momentos mais difíceis, quando nossa balbúrdia coletiva precisou fazer frente à ameaça da barbárie.
Coletivamente, já somos muitos e somos plurais. Estamos juntos e misturados nessa decisão, da qual damos notícia, apresentando princípios em torno dos quais devemos nos guiar e em função dos quais poderemos construir coletivamente uma plataforma para o futuro da UFBA — a plataforma de uma universidade livre e autêntica, capaz de enfrentar problemas crônicos ou crises vindouras.
Esta notícia é, portanto, um convite à construção coletiva da plataforma para a apresentação de uma chapa, no momento apropriado. Nossa candidatura agregará, decerto, visões e histórias distintas, inserções variadas em nossa instituição, mas estaremos unidos, em campanha e na gestão, na defesa de uma universidade autônoma e democrática — princípios que foram essenciais à resistência ao obscurantismo e devem balizar as ações concretas da gestão universitária em qualquer tempo.
Gestão, democracia e natureza da universidade não se separam. Assim, lembraremos sempre que devemos expandir em vagas e em espaços, sem jamais deixarmos de acolher e cuidar; que as universidades públicas devem sempre primar pela qualidade, ao tempo que se fazem da matéria e do talento de nosso povo; que devemos proteger o patrimônio, garantindo e priorizando sua manutenção, pois nossos princípios exigem inclusive que decidamos em conjunto quais obras terão prioridade, sem descurarmos da garantia de boas condições de funcionamento dos muitos prédios já existentes.
A democracia não é uma figura de retórica. Como valor e como prática, ela é necessária à instituição inclusive na deliberação acerca de seu orçamento, pois a gestão propriamente universitária não é mera técnica gerencial, uma vez que associa internamente as atividades de gestão às atividades finalísticas e, portanto, depende da participação ativa de nossas instâncias e da mobilização permanente de nossas categorias. Por isso, não podemos ignorar o significado profundo da luta por condições dignas de trabalho para servidores docentes, servidores técnico-administrativos e funcionários terceirizados.
Temos, também, um importante compromisso com a modernização de sistemas, processos e estrutura organizacional da instituição. A estrutura administrativa deve, afinal, beneficiar-se de todos os recursos tecnológicos, mas estes não suprimem a reflexão, não se impõem como se sua lógica fosse superior à nossa deliberação coletiva. Por óbvio, sistemas não substituem nossos regimentos, que, ao contrário, devem orientar cada passo de reforço e qualificação da organização universitária e de nossa vida em comum. Afinal, os avanços trazidos pela tecnologia em nada precisam nos condenar à irrelevância; a tecnologia deve vir ao encontro da vida democrática, sem sufocar opiniões ou as homogeneizar, sendo antes um instrumento que potencializa nossas estratégias de gestão, aprendizado, ensino, pesquisa e extensão.
A significativa ampliação da rede de universidades, um dos maiores feitos dos governos Lula, reforçou a associação do sistema brasileiro das instituições federais de ensino superior a um projeto inteiro de nação, uma vez que essa rede se distribui agora mais e melhor por todo o país e deve expressar em todo canto a força de um ensino associado à pesquisa e extensão. Nesse mesmo gesto de expansão, que deve continuar, devemos poder acolher, garantindo inclusão, condições de estudo e permanência e, mais ainda, um autêntico pertencimento, de sorte que o compromisso com a expansão é necessariamente correlato ao aprofundamento das ações afirmativas.
Da mesma forma, devemos ter um especial compromisso com o inteiro sistema nacional de instituições federais de ensino superior autônomas, ou seja, as instituições desse sistema devem colaborar em uma luta comum e pública, e não se dividirem na competição por recursos extraorçamentários, sendo essencial a defesa conjunta do financiamento público da educação superior, com a bandeira urgente de que a educação superior deve ser uma prioridade nacional.
Ao lado desse compromisso específico com o sistema representado pela ANDIFES, cabe dialogar com toda a rede da educação básica, por meio de ações as mais diversas, bem como com as outras universidades do Estado da Bahia, com as quais devemos aprofundar nossa colaboração acadêmica. Nossa colaboração pode e deve ser bem mais rica do que qualquer competição.
A UFBA merece sempre mais. Em novos tempos, ela nos exige ainda mais ousadia, uma sintonia com novos temas e uma resposta bem elaborada a novos desafios. A UFBA nos conclama, assim, como um centro no qual nossa energia se multiplica e do qual se expande em ciência, cultura e arte, brotando desse lugar a possibilidade de uma resposta à altura de sua história e de seu atual horizonte. É desse lugar poderoso, como um gesto inovador da sociedade, que nossa UFBA pode exercer sua maturidade, esboçando as melhores respostas e reafirmando seu valor essencial. Considerando nossa excelência nas ciências e nas artes, a administração central tem, então, um papel relevante no apoio às nossas pesquisas e à nossa pós-graduação, apoio que deve se dirigir tanto ao conhecimento básico (missão precípua das instituições universitárias), quanto à interação entre a pesquisa na universidade e setores da sociedade, incluindo setores estatais, empresariais e setores sociais não governamentais.


Em suma, a universidade é um projeto de Estado, que dialoga com todo o cenário da socieda de, sem perder jamais a altivez ou subordinar seus projetos a interesses eventuais de partidos, governos ou do mercado. Trata-se, pois, de um projeto de Estado, mas não de um Estado inespecífico. A UFBA é projeto de um Estado Democrático; por isso mesmo, de pés descalços e rica em diversidade e história, ela faz ciência e dança.
No exercício mais elevado de sua autonomia, a universidade tem um papel insubstituível como uma experiência intersubjetiva única, na qual se confrontam gerações e saberes, sendo possível, no mais aprofundado exercício democrático, produzir consensos e qualificar dissensos. É dessa forma que a universidade justifica perante a sociedade seu próprio direito à existência, comprovando na prática sua relevância e sendo a melhor ponte entre a atividade científica e o interesse vivo da democracia, entre a formação sofisticada e o exercício da cidadania.
Na universidade, nem tudo vale a pena, porque sua alma nunca se apequena. Como projeto de longa duração, ela não se rende à eficácia imediata ditada por um mero pragmatismo. Porque autônoma, ela não é uma mera repartição pública. Tampouco é uma empresa, que se mediria tão somente por resultados ou lucros.
Nosso horizonte é bem mais largo e luminoso. Afinal, somos isso especialmente: uma aposta da sociedade no conhecimento e não na ignorância, na igualdade e não na exclusão. Por isso mesmo, devemos atravessar instabilidades e crises, não a reboque das circunstâncias adversas que enfrentamos dia a dia, mas sim mantendo nossos valores e princípios.
Aceitei, portanto, me tornar candidato. Aceitei construir uma proposta ao lado de colegas que comungam valores e sentimentos. Somos a UFBA que enfrentou o Future-se e deve enfrentar falsas promessas de progresso. Somos a UFBA que sempre resistirá a todas as formas de obs curantismo. Somos UFBA, sim, autônoma e livre, radical e criativa, excelente e inclusiva, que há de combater os setores retrógrados que tentam sufocar nossa força e nossas utopias.
Estejamos nessa jornada, reafirmando valores e construindo coletivamente a plataforma atual de uma universidade pública, gratuita, inclusiva e de qualidade.
Viva a Universidade Federal da Bahia!
João Carlos Salles





